Ele fica fascinado com a variedade de livros e cadernos (com receitas coladas, pré-PC) de culinária que temos em casa, devidamente protegidos da gordura da cozinha numa prateleira da despensa. Todos com cara de muito manuseados.

E lá fui eu exercitar meu lado historiadora (para fazer jus ao meu diploma amarelado, de 1977!). Registros de grãos-de-bico foram encontrados na Suméria e também nas pinturas da tumba do faraó Tutancamon (séc XIX a.C). Na Grécia antiga eram repasto dos guerreiros. E graças às guerras espalharam-se pelo continente europeu.
Acho esse grãozinho bicudo bem adequado aos acelerados tempos atuais, afinal é excelente fonte de triptofano, um aminoácido que atua na produção da serotonina. Traduzindo. Ele tem efeitos anti-depressivos, além de ser rica fonte de ferro.

Quando minha mãe cozinhava grão-de-bico (pois chiches, chick peas, garvanzo) para fazer homus com tehina, ela deixava de molho de um dia para o outro. Eu sempre achei que era para diminuir o tempo de cozimento e economizar gás. E devia ser isso mesmo, só que agora encontrei uma boa dica de uma nutricionista da Embrapa: deixar o grão de bico de molho e cozinhá-lo na própria água tem outro efeito: preservar os nutrientes, justamente por diminuir o tempo de cozimento!
Vamos à receita (devidamente adaptada è nossa experiência)! Além de tudo ela tem um aspecto ótimo! Com ela estreamos a linda sopeira da Em Uso, que nos foi presenteada por Reynaldo e Elisa Bochner.
Receita de Sopa de Grão-de-Bico com Alho-Porró
Ingredientes (para 6 pessoas):
- 350 g de grãos-de-bico, deixados de molho na véspera (como resolvemos em cima da hora, nós os cozinhamos em panela de pressão).
- 1 batata média, descascada
- 2 alhos-porrós pequenos (inclusive a parte verde)
- 1 colher (de sopa) de azeite
- 1 colher (de sopa) de manteiga
- 2 dentes de alho bem picados
- sal (1 colher de chá) e pimenta moída na hora
- 750 ml de caldo de galinha ou de vegetais
- Queijo parmesão ralado
- Azeite extra-virgem para coloca rum fio em cada prato.
- Cozinhe o grão-de-bico com a batata (caso ele tenha sido deixado de molho de váspera; se não, cozinhe-o antes, e só depois de cozido acrescente a batata);
- Retire a pela externa dos alhos-porrós, corte ao meio no sentido do comprimento, lave bem para retirar a terra e corte em fatias finas;
- Em uma panela de fundo grosso (nós usamos uma de barro), aqueça o azeite e a manteiga, refogue um pouco o alho, acrescente o alho-porró e o sal, e mexa levemente até o alho-porró começar a murchar. Acrescente o grão-de-bico e a batata, com o líquido do cozimento.
- Adicione cerca de 1/2 litro do caldo (de galinha ou vegetais), deixe levantar fervura, abaixe a chama e cozinhe por cerca de 15 minutos;
- Agora você pode decidir se quer tomar a sopa líquida, e neste caso deve bater tudo no liquidificador, ou deixar os vegetais inteiros.
- Nos seguimos o caminho do meio, bem zen, aceitando a sugestão do chef: batemos um pouco da sopa noliquidificador, criando uma base cremosa, e juntamos novamente na panela onde estava o resto dos vegetais.
- Utilize o caldo restante para ajustar a consistência ao seu gosto.
- Ajuste o sal e acrescente um pouco de pimenta moída na hora.
Apresentação:
- Leve a sopa bem quente à mesa, em uma sopeira, e rale um pouco de queijo parmesão de boa qualidade. Regue com um fio de azeite extra-virgem.
- Cada pessoa, depois de servida, pode acrescentar mais queijo ralado e mais azeite.
- Sopa combina com pão e vinho...assim, providencie o pão de sua preferência (no nosso caso foi um pão italiano rústico) e um bom vinho tinto.
Jorge escolheu ouvirmos A Felicidade (tristeza não tem fim, felicidade sim...), de Tom Jobim, uma faixa do Jobim Sinfônico, CD que ganhei de minha amiga Maria Vilma Salles Garcia há alguns anos.
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4 comentários:
Ok, tudo lindo, só que eu morei na Inglaterra de 2000-2002 (não de 1998-2000)
Eu também estranhei a cronologia e pensei nisto...
Isso é problema de DNA (data de nascimento avançada), minha memória já não é mais a mesma. Pronto! Corrigi! Bom de blog é isso, dá para editar sempre.
eu só comentei para tentar defender a sua sanidade... Afinal, que mãe normal deixaria a filha ir morar dois anos sozinha, do outro lado do oceano, com 14 anos!? Com 16 é um pouco menos grave ;) hehe
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