quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dia 003: Sopa Bela Tailandesa

Minha filha caçula, a Elisa, tem uma amiga querida, Bela, que adora sopa e namora um jovem belgo-anglo-brasileiro que detesta... sopas, é claro! Para convencer Jérôme de que sopa pode ser uma coisa gostosa, combinamos que eles seriam nossos convidados para uma sopa noturna e que teriam direito a escolher entre algumas opções. Escolheram uma sopa tailandesa. E eu adorei... porque gosto dos sabores fortes e contrastantes produzidos por esta cultura.

Pesquisei várias receitas na Internet e em meus livros de receitas antiquíssimos, e acabei criando a minha própria. Ou seja, uma Sopa Tailandesa especial para Bela e Jérôme!

Acompanhamos a sopa não de saquê, mas de um ótimo vinho tinto chileno e de um branco especial para Elisa (também chileno). Do IPod saía o límpido som de violino de Joshua Bell, o magnífico virtuose que lota teatros e que tocou numa estação de metrô de Washington sem ninguém dar bola (quer conhecer o experimento do Washington Post, clique aqui e veja a apresentação no Youtube, ou conheça os detalhes do experimento).



Receita da Sopa Bela Tailandesa (quatro porções):

Ingredientes:

Uma observação: esta sopa em geral se faz com frango ou camarão, mas também fica ótima com cubinhos de tofu (queijo de soja). E na verdade leva um ingrediente tailandês chamado nam pla, que é feito com peixe defumado. Eu considero totalmente dispensável, porque acaba se perdendo no meio de tantos sabores. E o nosso popular molho de soja (Shoyo) não faz feio. Então, aí vai a lista de ingredientes à la Bela:

1 filé de peito de frango (grande) ou 300 g de tofu firme
2 colheres de sopa de óleo
1 cebola picada
2 dentes de alho picado
½ raiz de gengibre picada (cerca de 60 g)
200 g de cogumelos shiitake
2 colheres de chá de curry em pó
4 xícaras de caldo de frango ou água
300 ml de leite de coco
casca de 1 limão
½ xícara de coentro
suco de 2 limões
3 colheres de sopa de Shoyo
3 saquinhos de chá de erva cidreira (chamada também capim cidreira)
½ maço de cebolinha verde picada e folhas de dois ramos de manjericão.

Modo de Fazer:

Em uma panela funda (eu gosto das de pedra-sabão, ou aquelas de barro capixabas), refogue a cebola, o gengibre e o alho em 2 colheres de sopa de óleo vegetal. Acrescente o caldo de frango ou a água, o coentro, os saquinhos de chá de erva cidreira e a casca do limão. Quando levantar fervura, abaixe o fogo e cozinhe por cerca de 15 minutos. Acrescente o leite de coco, o shoyo e o tabasco e deixe cozinhar por mais 10 minutos, em fogo baixo. Depois, coe e reserve o caldo. Guarde os ingredientes coados, para serem servidos à parte, para quem gostar.

Em uma frigideira, refogue o peito de frango cortado em cubinhos pequenos, em duas colheres de sopa de óleo, acrescente os cogumelos shiitake também cortados em pedaços pequenos. Acrescente o curry, e misture bem. Misture este refogado na panela onde está o caldo coado. Deixe levantar fervura, abaixe o fogo e cozinhe por cerca de 10 minutos. Acerte o sal e a pimenta (tabasco), Na hora de ir para a mesa, misture a cebolinha e o manjericão. Sirva bem quente. Coloque em tigelinhas à parte mais cebolinha verde, e os ingredientes coados (que basicamente são a cebola, o coentro e o gengibre, que consideramos um desperdício não aproveitar).

Em nossa mesa multiétnica e multicultural, servimos a sopa com um pão rústico italiano. E combinou muito bem!

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sábado, 26 de abril de 2008

Dia 002: sopa-creme de cenoura

Esta sopa nós compartilhamos em um ambiente mágico, um dos mais lindos cenários do Rio de Janeiro: no Bistrô da Ponte, que fica na cobertura de um prédio pequeno e super-moderno no Jardim Botânico. Tínhamos ido lá para reservar a sala de conferências para o Seminário Internacional que Jorge vai dar em junho. Vai ser difícil os participantes se concentrarem, com a vista de tirar o fôlego de 360º sobre a Lagoa e as palmeiras imperiais do Jardim Botânico!

Voltamos à noite, pois às quintas-feiras tem jazz lá. Quando chegou a sopa do dia - um encorpado e suave creme de cenouras -, o duo de sopro e cordas estava tocando Nostalgia in Times Square, de Charles Mingus. O nome do conjunto (normalmente um trio) é ótimo: Versão Brasileira. Foi uma noite perfeita, com as cinco estrelinhas do Cruzeiro do Sul piscando acima da mesa que escolhemos na varanda do Bistrô!


Em casa, a Tita, uma das minhas irmãs de vida, que acompanha minha jornada há 25 anos, faz uma sopa de cenouras com alho-porró, mais rala, menos creme e mais sopa, igualmente deliciosa.

Receita de sopa de cenouras e alho-porró da Tita (para duas pessoas):

Ingredientes:
2 cenouras médias
1 talo de alho-porró (a parte branca com um pouco da parte verde)
1 dente de alho
1/2 colher de chá de sal.
1 colher de sopa de manteiga
750 ml de água.

Modo de fazer:

Refogue o alho na manteiga e quando estiver frito, acrescente as cenouras e o alho-porró picados (pode ser em pedaços grandes)e refogue tudo junto mais um pouco. Junte a água e o sal e deixe levantar fervura. Abaixe o fogo e deixe cozinhas até os legumes ficarem macios (cerca de 20 minutos). Apague o fogo, deixe esfriar um pouco, bata no liquidificador e volte à panela para corrigir o sal. Se gostar, moa um pouco de pimenta do reino na hora de ir para a mesa. Sirva com croutons ou torradinhas.

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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Dia 001: Sopa de Ervilha da Vovó Judith

Esta sopa eu aprendi com Dona Judith, logo que casei com o filho dela, Carlos Leonam. É a melhor sopa de ervilhas que já comi e a mais simples de fazer. Dona Judith me ensinou a cozinhar quase sem gordura (no caso desta receita, completamente sem gordura), sem perder o sabor:


Receita para quatro pessoas:

Ingredientes:
  • 250 gramas de ervilhas secas (daquelas que se compram quebradas em pacote)
  • 1 cebola grande
  • 1 litro de água
  • 1 colher de chá de sal.
  • Opcional: lingüiça ou salsichão.
Modo de fazer:
  • Cate cuidadosamente a ervilha em um lugar bem iluminado para separar as possíveis pedras que ainda vêm nas embalagens.
  • Lavar em água corrente e deixar escorrer um pouco.
  • Colocar a ervilha, a cebola, o sal e a água numa panela e deixar levantar fervura.
  • Baixar o fogo e deixar cozinhar até que as ervilhas estejam bem macias. De vez em quando, apertar as ervilhas contra a parede da panela com uma colher de pau para verificar o cozimento. Quando elas se amassarem facilmente, está pronta a sopa.
  • Apagar o fogo e deixar esfriar um pouco.
  • Bater no liquidificador.
  • Levar novamente ao fogo brando para ferver, ajustar o sal e a espessura. Se estiver muito grossa, acrescentar um pingo de água QUENTE (nunca ponha água fria nesta sopa quente, senão ela desanda). Se estiver rala, deixar ferver para engrossar.
  • Se gostar, servir com croutons ou torradas feitas na hora.
Dica: cozinhe em panela destampada, para que a sopa fique com um verde bonito.

Nessa noite, Jorge colocou para tocar em meu Ipod (presente de Natal que ele me deu e que usa intensamente!) o dueto de Elza Soares com Chico Buarque "Façamos (Vamos amar)" que eu adoro, e que é uma versão da melodia de Cole Porter, um gênio!

E nas taças ...um tanat, Don Pascual. Para quem não conhece, um vinho uruguaio de uma cepa de uvas francesas que se preservou por lá e desapareceu do resto da Terra!

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Dia 000: Sopas, caldos e cremes

A idéia deste registro nasceu de uma proposta que nos fizemos: tentar jantar mais leve, para dormir melhor e para emagrecer. Nada melhor do que uma sopa quentinha...quentinha? Muitas vezes gosto de sopas frias...o que para Jorge é um "choque cultural", como ele um dia comentou (no Uruguai, onde ele nasceu e viveu a maior parte de sua vida, sopa é quente!).

Comecei a desfilar meu repertório: sopa de ervilha, aipo, de cenoura, de beterraba, a canja de minha mãe... Jorge se animou e fez uma de cebola... À medida que as receitas iam se concretizendo no "caldeirão" de nosso fogão, sempre mexidas com minha antiga colher de pau, que já tem 30 anos, eu ia contando as histórias que me ligavam a cada uma, tiradas do baú de minha infância e juventude (a primeira, é claro, porque agora temos muitas). Como adoramos cores e sabores, Jorge começou a fotografar o resultado e a escolher músicas que combinassem com cada sensação...Para nós, a sopa do final do dia, é um momento de criação, encontro, cumplicidade... e desaceleração...

Parodiando o personagem de um dos filmes mais marcantes do momento ("Into the Wild"), que descobriu na pele e na alma que só existe felicidade se ela for compartilhada, decidimos compartilhar nossa experiência líquida com quem acessar estas páginas...

Bom apetite!