sábado, 30 de agosto de 2008

Dia 038: Sopa de Cebolas e Batatas

Ao menos uma vez por semana, a tarefa de garimpar e executar uma receita de sopa cabe ao meu marido Jorge. E ele capricha! Como nesta receita de sopa de cebolas e batatas, que foi publicada no jornal El País, o principal do Uruguai.

A autora do artigo, Prof. Cristina Scheck, informa que as primeiras referências à cebola como alimento encontram-se na Bíblia, e que os escravos construtores das pirâmides egípcias a tinham como alimento básico. E eu fui atrás em São Google para descobrir que o nome científico da cebola é Allium cepa L., que é rica em vitamina A, B1, C, D, E, cálcio, silício, fósforo, enxofre, flúor, potássio, sódio, mangésio, ferro, ufa! Que é diurética e combate um monte de doenças, e que se propaga por semente! Quem já viu uma semente de cebola? (Jorge já viu)

Eu não sabia que a cebola é originária da Ásia Central e só depois se propagou pela Pérsia, África e Europa. Foi trazida para a América pelos primeiros colonizadores e no Brasil foi plantada inicialmente no Rio Grande do Sul. Hoje é cultivada desde o nordeste até o extremo sul do país. Aprendi também com a Prof. Cristina Scheck que, como cebolas fermentam muito rápido, é melhor usá-las com parcimônia em caldos, para não lhes conferir um sabor ácido.

Mas muito mais vivas que todas estas informações são as reminiscências de Jorge e a bela música que escolheu, um poema muito tocante de Miguel Hernandez, escrito quando ele estava preso para seu filhotinho, musicalizado por Juan Manuel Serrat. Deixo Jorge "falar" e contar-lhes sua experiência:


"Esta es una de las sopas que más me gusta hacer. sus ingredientes son los más comunes y humildes que podamos imaginar.

"La cebolla es escarcha cerrada y pobre" (Miguel Hernández).

En la huerta, en la casa de mis padres, había cebollas y papas todo el año. Papas y cebollas contribuyeron a salvar la vida de millones de personas en períodos de hambruna.
Sin embargo, nunca mi madre preparó esta sopa.
La sopa en la casa de mis padres era más o menos siempre la misma (ver la receta de Sopa Penducha de Legumes).
Haciendo esta sopa de hoy me pregunté por qué esto era así.
Había como una cierta imposibilidad de probar combinaciones fuera de lo ya conocido. Y no era sólo algo que sucedía con mi madre. Con las madres de mis amigos pasaba lo mismo. El acceso a otras recetas estaba limitado a los recetarios que las marcas "Royal" y "Fleischman", por ejemplo, enviaban a las "amas de casa". Estos libritos eran cuidados como oro en polvo y educaban en alternativas nuevas.
El acceso actual a la información, la posibilidad de compartir experiencias y de recibir comentarios es un increíble y siempre sorprendente fenómeno para mí!!!
"

Receita de Sopa de Cebolas com Batatas


Ingredientes (para 4 pessoas):
  • 3 cebolas
  • ½ kg de batatas (2 batatas grandes ou 3 médias)
  • ¼ xícara (de chá) de manteiga
  • ¾ litro de leite
  • ½ litro de água
  • 2 colheres (de sopa) de Maisena
  • 1 ovo
  • ½ xícara (de chá) de queijo parmeson ralado
  • sal e pimenta moída na hora a gosto

Modo de fazer:

  • Descascar as batatas e cebolas, cortá-las em pedaços pequenos e refogá-las na manteiga numa panela funda.
  • Acrescentar o leite misturado com a água e cozinhar até que esteja tudo macio.
  • Apagar o fogo e deixar esfriar um pouco. Bater no liquidificador (ou usar um mixer de mão na própria panela).
  • Voltar a panela ao fogo, em chama baixa, acrescentar a Maisena previamente dissolvida em um pouco de água (meio copo retirado do total da água da receita). Deixar abrir fervura, mexendo bem com uma colher de pau para não encaroçar.
  • Quando engrossar, apagar a chama e acrescentar o ovo batido com o queijo ralado e temperado com sal e pimenta, mexendo bem.
  • Levar novamente ao fogo baixo por alguns minutos (só para não ficar com gosto de ovo cru), sempre mexendo.
  • Servir imediatamente em uma sopeira ou em tigelas individuais, com fatias de pão francês frito (eu frito na frigideira anti-aderente, sem gordura, só para aquecer um pouco).

Dica: os uruguaios preferem sopas mais cremosas, quase purê. Nós preferimos um creme suave e fluido. Assim, quem quiser, pode reduzir à metade a quantidade de maisena, como propõe meu irmão Bernard no comentário abaixo.

Esta sopa me fez lembrar as músicas preferidas de Jorge que ouvíamos quando começamos a namorar, seis anos atrás: ele me apresentou a Ana Belén, Juan Manuel Serrat e tantos outros. Gosto especialmente de "Derroche" na voz de Ana Belén, lindamente interpretada neste vídeo do YouTube.

-------------------------------------------------------------------

Dia 037: Sopa Italiana de Casamento / Zuppa Maritata

Minha colega de trabalho e nova amiga Luciana Vanzán vai casar... e adora sopa... Daí que quando encontrei por acaso na Internet esta Sopa Italiana de Casamento, só pensei nela e em convidá-la com João Paulo Garschagen... o noivo... para celebrarmos este marco na vida deles.

Comecei a pesquisar mais e fiquei perdida no mar de informações e variedade em torno desta sopa tão simples e saborosa. Tem gente que diz que não é sopa de casamento, que na verdade é casamento entre os ingredientes (quanto mais convivem na panela cozinhando em fogo lento, melhor se casam), outros que a tradição vem do sul da Itália, da região de Nápoles, e que é servida em todos os casamentos! Como diria meu avô calabrês, "si non è vero, è ben trovato...".

Qualquer que seja a explicação, serviu para um belo encontro! Havia mais uma convidada especial, muito espevitada: Luana, uma bulldog inglesa que veio conhecer o Cash, nosso tímido bulldog francês adolescente (tem 1 ano).

Receita de Sopa Italiana de Casamento

Ingredientes (para 6 pessoas):

Para as mini-almôndegas:
  • 700 g de carne moída
  • 1/2 xícara (de chá) de farinha de rosca
  • 1 ovo
  • 1/2 xícara (de chá) de salsa bem picadinha
  • 2 dentes de alho picados
  • 1 colher (de chá) de sal
  • pimenta do reino (a gosto)
Para a sopa:
  • 2 litros de caldo de galinha (pode ser feito com 4 tabletes de caldo industrializado, ou com ingredientes frescos, como expliquei aqui)
  • 2 maços de espinafre (folhas picadas) ou 1 pacote de espinafre congelado (eu usei Bonduelle)
  • 1 cenoura média picadinha
  • 1 xícara de arroz cru
  • 1/2 colher (de chá) de pimenta do reino moída na hora e uma colher de chá de pimenta calabresa
  • 1/2 xícara de queijo Parmegiano ou Pecorino Romano (de ovelha) ralado
Modo de fazer:
  • Prepare as almôndegas: misture todos os ingredientes com um garfo, depois amasse bem com as mãos (limpas, por favor!), forme pequenas bolas (metade do tamanho de uma almôndega usual), coloque em tabuleiro forrado com papel manteiga, e asse por 25 minutos em forno pré-aquecido à temperatura baixa (180º/200º C).
  • Enquanto isso, vá preparando o caldo de galinha (se tiver escolhido fazer um caldo fresco, tem que começar muito mais cedo, é claro, caso contrário, é água e tabletes - eu tenho usado o novo produto da Knorr, o Vitalie, que tem menos sal).
  • Quando o caldo de galinha levantar fervura, abaixe o fogo, acrescente o arroz lavado (eu combinei arroz integral com agulinha) e a cenoura picada, e deixe cozinhar lentamente.
  • Quando as almôndegas estiverem assadas, tire-as do forno e cuidadosamente acrescente-as ao caldo. Acrescente as pimentas.
  • Um pouco antes de servir, acrescente o espinafre batidinho, e deixe tudo levantar fervura novamente em fogo lento. Prove a sopa e ajuste o sal se necessário.
  • Coloque na sopeira, acrescente o queijo ralado e sirva imediatamente acompanhado do pão de sua preferência (nós escolhemos um pão integral de gergelim).
Dica 1: mantenha uma chaleira com água quente sobre o fogão, para poder afinar a sopa, dando-lhe a espessura de sua preferência.
Dica 2: sirva em prato de sopa tradicional aberto, fica mais fácil saborear, por causa das almôndegas.
Dica 3: coloque à mesa sal, pimenta e mais queijo ralado para cada um se servir à vontade.
Dica 4: Minha amiga sommelier, Vera Mello, me explicou que os melhores vinhos para as sopas são os tintos jovens, leves. Foram exatamente dois vinhos tintos jovens que Luciana e João trouxeram para nossa festa. A graça é experimentar para ver qual combina melhor: um foi um Carmenère chileno reservado (Santa Carolina) e outro foi um tinto português regional, combinação de três sepas (Terras do Sado).

Em homenagem a nossos amigos, a noite foi de jazz & souls. Como este B.B.King interpetando Blues Man com sua Lucille (como ele batizou sua guitarra). O sax que o acompanha é ótimo!
---------------------------------------------------------------

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Dia 036: Sopa-creme de batata-baroa com Gorgonzola (mandioquinha)

Cansei de esperar meu irmão Jean-Claude, o gourmet (e gourmand) da família vir aqui em casa preparar esta delicada sopa, cuja receita ele me enviou logo que demos início ao blog! Resolvi colocar a mão na massa e oferecer esta sopa ao fim de uma manhã de trabalho com a equipe de BabelTeam, na construção do Clube 14-Bis. Pelos gemidos de todos, acho que foi aprovadíssima. Claro que fiz minhas adaptações, para tornar a sopa um pouco mais leve para quem não pode abusar das gorduras...

A batata-baroa é uma raiz tuberosa, originária dos Andes, também conhecida em algumas regiões como mandioquinha ou cenoura amarela. É uma hortaliça muito rica em fósforo e vitamina A e muito digestível, daí ser bastante utilizada na alimentação de crianças e idosos. Eu a colocava sempre nas sopas de meus filhos, não porque soubesse de seu valor, mas porque achava que dava um gosto muito bom. Em minha opinião, é uma das raízes mais saborosas e perfumadas. E eu gosto muito de preparar purês com ela, pães e agora sopa! O nome científico é horrível e eu não consigo pronunciá-lo direito: Arracacia xanthorrhiza. E pesquisando sobre ela descobri que pertence à família Apiácea, a mesma da cenoura, da salsa, do coentro, do anis, do salsão ou aipo e do funcho, quem diria!

Aí vai, a receita já adaptada e devidamente testada, acompanhada da mensagem do meu irmão. Certamente ele deve ter servido para os amigos um chopp perfeito, tirado da Chopeira COLDMIX, é claro!

" Oi vocês dois,
Não tive tempo de enviar meu comentários antes.
Mas hoje, sábado, assim que cheguei da casa do Claudinho, onde curtimos um churrasco e claro, com chopp, resolvi abrir o note e ver meus e-mails.
Li a 4a receita e sem nenhuma desculpa, resolvi responder.
Na verdade o que quero mesmo é contribuir com uma simples receita que fiz na quarta feira passada, quando amigos se juntaram para degustar seis sopas feitas por cada um de nós...
Ah! Com certeza, alguém vai gemer.
Também desculpem a ousadia, mas não pude resistir.
Beijos, Jean"
(Jean-Claude, por e-mail em 3 de maio de 2008)




Receita de Sopa-Creme de Batata Baroa com Gorgonzola

Ingredientes (para 4 pessoas)
  • 500 g de batata-baroa bem cozida (seis a oito batatas médias)
  • 250 g de batata inglesa igualmente cozida (dá umas duas batatas grandes)
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 1 dente de alho bem amassado
  • 1 cebola pequena ralada
  • 250 ml de creme de leite fresco
  • Leite para juntar e dar o ponto
  • 200 g de queijo gorgonzola
  • 1 colher de sopa de ervas finas
  • Sal e pimenta branca
Modo de fazer:
  • Cozinhe as batatas-baroas e inglesas juntas até ficarem bem macias.
  • Escorra (reservando a água do cozimento) e misture a manteiga, sal e a pimenta.
  • Junte 200 ml de leite e passe tudo no processador ou liquidificador até ficar uma mistura homogênea, com uma textura de um purê macio. Se necessário afine um pouco utilizando a água do cozimento.
  • Corte o queijo gorgonzola em pedaços e dissolva-o em um pouco da água do cozimento, das batatas, em fogo baixo.
  • Numa panela funda, refogue o alho e a cebola em azeite, acrescente o purê, junte o creme de leite e o queijo gorgonzola dissolvido.
  • Mexa sem parar, em fogo brando, enquanto acrescenta água do cozimento das batatas, até obter uma textura bem fina e leve.
  • Tempere com sal e pimenta moída na hora e antes de servir polvilhe as ervas finas sobre a sopa.
Nota: em relação à receita original, suprimi o glutamato de sódio, diminui a quantidade de creme de leite (eram 500 ml) e utilizo a água do cozimento para afinar a sopa. Meu irmão utiliza leite. Claro que o sabor fica mais apurado na receita dele. Mas a minha também fica deliciosa e é mais leve, o leite sempre pesa um pouco em meu estômago...

--------------------------------------------------------------------------

domingo, 10 de agosto de 2008

Dia 035: Sopa Mexicana Fria de Abacate

Os mexicanos o chamam de aguacate, os uruguaios de palta. Para nós é ABACATE. Esta fruta verde e macia é originária da região da Guatemala, Antilhas e México. E aprendi que existem mais de 500 variedades da árvore, o que gera muitos tipos de abacate. Seu nome é derivado da palavra asteca que denominava a planta: awakatl. Por isso nós, latino-americanos adoramos tanto tudo que é feito com ela: salgado ou doce, creme de abacate, guacamole, salada de abacate, coquetel de camarão servido no abacate... e esta sopa fria de abacate que escolhemos para receber nossos amigos Norma e Martin Hester. Ela peruana, ele inglês, ambos brasileiros por escolha.

A receita foi extraída de um livro que recebi de nosso amigo Samuel Sod, o mexicano mais carioca que pode existir! Quando comecei este blog, ele se entusiasmou e, no meio de uma exposição num centro cultural da Cidade do México, descobriu esta preciosa publicação de Sylvie Girard, chamada La Cocina Mexicana. Já experimentamos várias receitas e tudo dá certo. Além do mais, a impressão é belíssima, os pratos que apresentam as receitas são de cerâmica local, pequenas jóias de arte popular.

Assim, durante nosso almoço de domingo, com olhos e paladar encantados, fizemos um brinde ao Samuel!


Receita de Sopa Fria de Abacate

Ingredientes (para 6 pessoas):
  • 2 colheres (de sopa) de manteiga
  • 2 colheres (de sopa) de azeite
  • 1 cebola bem picadinha
  • 1 alho porró pequeno cortado em fatias finas
  • 1 cenoura picada
  • 2 dentes de alho picados
  • 1 abacate médio maduro
  • 1 pote de yougurt natural de consistência firme
  • suco de 1/2 limão
  • 100 ml de creme de leite
  • 1 raminho de coentro fresco (2 ou 3 colheres de sopa)
  • 1 tomate picadinho
  • 1 litro e meio de caldo de galinha (fresco ou em tablete)
  • sal (cerca de 1 colher de chá) e pimenta moída na hora (a gosto)
Modo de fazer:
  • Numa panela funda, derreta a manteiga e o azeite e refogue a cebola, o alho, o alho-porró e a cenoura por alguns minutos.
  • Junte metade do caldo de galinha, deixe levantar fervura, baixe então a chama e deixe cozinhar por cerca de 20 minutos, até os legumes ficarem macios. Deixe esfriar e reserve.
  • Bata o abacate (descascado e sem o caroço) no liquidificador com um pouco do caldo de galinha (metade do que sobrou).
  • Acrescente os legumes (com seu caldo) e bata até obter um creme aveludado.
  • Acrescente o yogurt, sempre batendo no liquidificador, para misturar bem.
  • Tempere com sal e pimenta a gosto e acrescente o suco de limão. Ajuste a consistência da sopa, acrescentando mais caldo de galinha se necessário.
  • Coloque na geladeira até a hora de servir (pelo menos por duas horas).

Apresentação:
  • Coloque a sopa numa tijela funda - uma saladeira ou sopeira - utilize um pouco do creme de leite e o tomate picadinho para decorar e salpique de coentro picado.
  • Em tijelinhas à parte, ofereça às pessoas mais creme de leite e mais coentro.
  • Sirva com torillas fritas (os populares Doritos da Elma Chips).



Dica: para as sopas e cremes de abacate não escurecerem (oxidarem) deixe o caroço dentro da tijela, até a hora de servir.

---------------------------------------------------------------------

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Dia 034: Sopa de Grão-de-Bico com Alho-Porró

Esta semana Jorge resolveu escolher e fazer uma sopa, e eu fiquei como coadjuvante!

Ele fica fascinado com a variedade de livros e cadernos (com receitas coladas, pré-PC) de culinária que temos em casa, devidamente protegidos da gordura da cozinha numa prateleira da despensa. Todos com cara de muito manuseados.

Acredito que o gosto pela cozinha passa pelo DNA, como outras características. Assim, à minha coleção, juntaram-se os livros de Elisa, trazidos de sua temporada inglesa (de 2000 a 2002). Pois foi num desses livros, The Naked Chef, de Jamie Oliver (um gato!), que o Daily Mail qualifica como "Britain´s most exciting chef" que Jorge encontrou o que queria provar naquela noite: uma sopa de grão-de-bico com alho-porró. Surpreendentemente pouco british e muito, muito mediterrânea ...

E lá fui eu exercitar meu lado historiadora (para fazer jus ao meu diploma amarelado, de 1977!). Registros de grãos-de-bico foram encontrados na Suméria e também nas pinturas da tumba do faraó Tutancamon (séc XIX a.C). Na Grécia antiga eram repasto dos guerreiros. E graças às guerras espalharam-se pelo continente europeu.

Acho esse grãozinho bicudo bem adequado aos acelerados tempos atuais, afinal é excelente fonte de triptofano, um aminoácido que atua na produção da serotonina. Traduzindo. Ele tem efeitos anti-depressivos, além de ser rica fonte de ferro.

Quando minha mãe cozinhava grão-de-bico (pois chiches, chick peas, garvanzo) para fazer homus com tehina, ela deixava de molho de um dia para o outro. Eu sempre achei que era para diminuir o tempo de cozimento e economizar gás. E devia ser isso mesmo, só que agora encontrei uma boa dica de uma nutricionista da Embrapa: deixar o grão de bico de molho e cozinhá-lo na própria água tem outro efeito: preservar os nutrientes, justamente por diminuir o tempo de cozimento!

Vamos à receita (devidamente adaptada è nossa experiência)! Além de tudo ela tem um aspecto ótimo! Com ela estreamos a linda sopeira da Em Uso, que nos foi presenteada por Reynaldo e Elisa Bochner.


Receita de Sopa de Grão-de-Bico com Alho-Porró

Ingredientes (para 6 pessoas):
  • 350 g de grãos-de-bico, deixados de molho na véspera (como resolvemos em cima da hora, nós os cozinhamos em panela de pressão).
  • 1 batata média, descascada
  • 2 alhos-porrós pequenos (inclusive a parte verde)
  • 1 colher (de sopa) de azeite
  • 1 colher (de sopa) de manteiga
  • 2 dentes de alho bem picados
  • sal (1 colher de chá) e pimenta moída na hora
  • 750 ml de caldo de galinha ou de vegetais
  • Queijo parmesão ralado
  • Azeite extra-virgem para coloca rum fio em cada prato.
Modo de fazer:
  • Cozinhe o grão-de-bico com a batata (caso ele tenha sido deixado de molho de váspera; se não, cozinhe-o antes, e só depois de cozido acrescente a batata);
  • Retire a pela externa dos alhos-porrós, corte ao meio no sentido do comprimento, lave bem para retirar a terra e corte em fatias finas;
  • Em uma panela de fundo grosso (nós usamos uma de barro), aqueça o azeite e a manteiga, refogue um pouco o alho, acrescente o alho-porró e o sal, e mexa levemente até o alho-porró começar a murchar. Acrescente o grão-de-bico e a batata, com o líquido do cozimento.
  • Adicione cerca de 1/2 litro do caldo (de galinha ou vegetais), deixe levantar fervura, abaixe a chama e cozinhe por cerca de 15 minutos;
  • Agora você pode decidir se quer tomar a sopa líquida, e neste caso deve bater tudo no liquidificador, ou deixar os vegetais inteiros.
  • Nos seguimos o caminho do meio, bem zen, aceitando a sugestão do chef: batemos um pouco da sopa noliquidificador, criando uma base cremosa, e juntamos novamente na panela onde estava o resto dos vegetais.
  • Utilize o caldo restante para ajustar a consistência ao seu gosto.
  • Ajuste o sal e acrescente um pouco de pimenta moída na hora.

Apresentação:
  • Leve a sopa bem quente à mesa, em uma sopeira, e rale um pouco de queijo parmesão de boa qualidade. Regue com um fio de azeite extra-virgem.
  • Cada pessoa, depois de servida, pode acrescentar mais queijo ralado e mais azeite.
  • Sopa combina com pão e vinho...assim, providencie o pão de sua preferência (no nosso caso foi um pão italiano rústico) e um bom vinho tinto.
É claro que uma mesa bem posta, uma bela música no iPod e uma boa companhia completam o encanto desta sopa, que, afinal, é só pretexto para boas experiências.

Jorge escolheu ouvirmos A Felicidade (tristeza não tem fim, felicidade sim...), de Tom Jobim, uma faixa do Jobim Sinfônico, CD que ganhei de minha amiga Maria Vilma Salles Garcia há alguns anos.
----------------------------------------------------------------

domingo, 3 de agosto de 2008

Dia 033: Sopa de Feijão

Feijão, beans, haricots, frijol, poroto, fassolia, Bohnen.

Dos grãos de que mais gosto o feijão ocupa lugar de destaque, em todas as suas variações e cores. Adoro pensar que se trata de um dos mais antigos alimentos da humanidade, cultivado no Egito Antigo, na Mesopotâmia, encontrado em vestígios da Idade do Bronze na Suíça e em Tróia, como alimento básico dos guerreiros. Aliás, parece que as guerras foram responsáveis por difundir o grão pelo mundo antigo.

Em nosso continente americano, vestígios de variedades selvagens foram encontrados no México 7.000 a.C. e até hoje é apreciado na culinária local.

Das sopas que ficaram na memória afetiva de meus filhos e nas papilas gustativas, a de feijão preto é uma que ainda frequenta nossa mesa, principalmente em dias frios. Eu costumava fazê-la com o resto do feijão preto da semana, mas algumas vezes já cozinhei feijão especialmente para prepará-la, principalmente quando Manoela Penna (minha filha balzaquiana) a pede.

Com uma massinha ou um punhado de arroz fica ótima. Se tiver chance de perfumá-la com um cálice pequeno de vinho tinto ou de pinga da boa, melhor ainda!

E dá pra fazer charme decorando com cebolinha picada. No iPod, o samba gostoso de Jorge Aragão, que tive o prazer de divulgar, nos áureos tempos da Asa Branca, de Chico Recarey. Gosto dessa Loucuras de uma Paixão.

Receita de Sopa de Feijão

Ingrediente (para 4 pessoas):
  • 2 xícaras (de chá) de feijão preto já cozido
  • 1 punhado de massinha para sopa (pode ser de letrinha, pequenos aros, etc) ou arroz cozido
  • 1/2 litro de água
  • pimenta moída na hora, sal a gosto
  • 1 copinho de cachaça ou 1 cálice pequeno (desses de vinho do porto) de vinho tinto
  • cebolinha picada
Modo de fazer:
  • Comece cozinhando a massinha, normalmente, segundo instruções do fabricante. Escorra e reserve.
  • Numa panela, coloque o feijão já cozido e a água. Quando levantar fervura, apague a chama, deixe esfriar um pouco e bata no liquidificador.
  • Volte à panela e, em fogo baixo, acrescente a massinha reservada e a cachaça ou vinho (se quiser).
  • Prove os temperos e corrija sal e pimenta (não esqueça que o feijão já está temperado).
  • Sirva com cebolinha picada, para decorar.
----------------------------------------------------------------

Dia 032: Sopa de Cabelos-de-Anjo

Tem algumas sopas que marcaram a infância de meus filhos. E eu acho que são sabores quase universais, porque ainda não encontrei quem não os aprecie ou tenha uma memória ligadas a eles. Por exemplo: Jorge, que veio do Uruguay também já era e ainda é super-fã deste sabor específico que vou apresentar agora: cabelinhos-de-anjo feitos em caldo de frango ou carne. Para sofisticar um pouco ou torná-la mais nutritiva, vale quebrar um ovo dentro e deixá-lo poché, ou colocar raspas de queijo (o que tiver em casa: parmesão, coalho, minas)...

Com uma mesa bem-posta e uma linda canção no iPod, deixa de ser a sopa rapidinha de criança e vira coisa de gente grande...

Receita de Sopa de Cabelos-de-Anjo

Ingredientes (para 4 pessoas):
  • 1 litro de caldo de galinha (pode ser de tabletes ou melhor ainda feito por você)
  • 1 cebola pequena picada
  • 1 tomate sem pele picadinho (opcional)
  • 1/cenoura ralada no ralo grosso
  • 5 ninhos de cabelo de anjo
Modo de fazer:
  • Em uma panela, coloque o caldo de galinha para ferver junto com a cebola e o tomate picadinhos (lembre da dica de como pelar tomates facilmente) e a cenoura ralada.
  • Quando levantar fervura, abaixe a chama e acrescente os ninhos esfarelados com sua própria mão.
  • Deixe cozinhar cerca de quinze minutos, em panela semi-tampada.
  • Sirva bem quente, com lascas do queijo de sua preferência.
Dica: se gostar, quando esfarelar os ninhos, estale ovos (um para cada pessoa) e deixe cozinhar junto com a massinha (será assim um ovo poché).

Nós escolhemos ouvir esta noite a voz límpida de Charles Aznavour em La Bohème, talvez porque esta sopa se prepare tão rapidinho e pode ser ideal para matar a fome e a bebedeira de fim de noite...ops...em tempos de Lei Seca, virou politicamente incorreto fazer a elegia da boemia... Aqui um primoroso vídeo no You Tube, de 2004, com a célebre interpretação de Aznavour limpando as mãos num lenço. E eu não conhecia a versão em espanhol, cantada por ele mesmo, bem jovem... Bohémia de Paris...
---------------------------------------------------------------------------